sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Espelho


Tu não amas nem a ti nem ao mundo
Nem a deus, nem a teu pai, ou a teu filho.
Nem a beleza que é a beleza que cria todas as belezas que dizes perseguir;
Tu não amas o silêncio que é tua companhia
Nem o amor com o qual sonhastes tanto
E tua própria dor de existir.

Tu não amas a nada e a tudo relutas
E qualquer amor que te há de envolver e ser maior que tu
Há de ser desfalecido antes em teus braços

Teus braços que não foram erguidos na batalha
Nem ajudaram a amamentar no seio uma nova vida
Ou abraçaram qualquer alguém que não tu mesmo.
Não te abraçaste nunca.

Tu tens medo da derrota que te há de trazer o amor
Mas antes que a derrota te chegue, tu hás de morrer
Não de amor, mas da falta de ti mesmo, pois tu não és o que és
Tu és o próprio mundo que rejeitas.

(Michelle Portugal - 25/09/2012)


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