segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Percepção acerca do breu

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Agora que a lua me pesa
e me ferem buzinas vermelhas
caminho sussurro meus olhos por ruas vazias

navalhas de prata reluzem ausências
em cortes fundos rasas palavras
pulmões mergulham abismos verdades
cravadas sem som

olhos devoram noites
precipício vestígio ecos
encerram vazios
mundos muros milhões

Michelle Portugal

sábado, 22 de outubro de 2011

Ao Vento

As palavras são rasas e dançam. Inquietos dedos de palavras tamborilam. Palavras de arrastar correntes pesadas de bronze irrompem silêncio. Palavras que pedem palavras que criam palavras repetidas. Soltas palavras esvoaçam cortinas cruzam ruas avenidas batem à porta (não abro). Saturadas palavras de vento e pó.

 

Michelle Portugal

sábado, 15 de outubro de 2011

Ponto Final


Podia esperar a chuva passar. O ônibus surgir na esquina. Ele ligar na sexta.
Um alento amanhã, qualquer cura. Podia fazer planos, cogitar, crer, tinha a vida inteira, não?
O estômago doía, doía.
Podia tanto e até tudo: engolir promessas esquisitas de anjos que ninguém viu, veria?
Agarrou-se na sombra da noite, solidão absoluta mas certa. Não tinha mais espírito pra esperas.

Michelle Portugal